quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Sobre Churros e Goiabas


            Minha paixão por churros iniciou na infância com meus irmãos e primas na barraquinha de Tramandaí, ao final da fila, lá estava a Vó Olga, a responsável pelo pagamento da conta. Naquela época não existia churros gourmet, a escolha era entre os dois recheios: doce de leite ou creme. Nunca hesitei, meu sabor era sempre o mesmo e permanece até hoje: doce de leite! Para minha sorte, porque de creme nem existe mais!
            Já da goiaba, tinha esquecido o sabor, fazia muito tempo que não comia, para ser mais exata quase quarenta anos. Outro dia, as goiabas me acenaram no buffet de um restaurante e resolvi dar uma chance a elas. Na verdade é uma fruta bonita, cor e aroma atrativos. Ao sentar, minha primeira garfada foi num pedaço bonito da fruta, mordi cheia de expectativa e me decepcionei.
            Diferente do churros que sempre me faz viajar no tempo e voltar para a fila na barraquinha de Tramandaí (parece até que o abraço da vó Olga vem junto no recheio do doce de leite), por isso não posso passar na esquina da Andradas com o Calçadão, pela barraquinha do Tio Vovô, porque, algo mais forte do que eu, me conduz à fila e, quando me dou conta, já estou com o churros na mão. Ainda bem que moro no Cassino, pois se morasse no centro, com certeza, estaria acima do peso!
            Voltando às goiabas, lembro da tarde em que passei com minha prima, na casa dela, comendo a fruta uma atrás da outra, colhendo direto da árvore, quente do sol e sem lavar. Tínhamos uns oito anos, estávamos sozinhas e passamos a tarde comendo goiabas doces. Hoje fico tentando calcular quantos bichinhos nós devoramos sem perceber. O resultado veio a seguir, passei muito mal e desde então nunca mais tinha comido goiaba. Dei chance no restaurante faz alguns dias, mas penso ter criado uma espécie de bloqueio com a fruta.
Se o churros faz parte da minha memória de infância, da doçura, que também era a da minha avó; a goiaba me faz lembrar apenas do quanto passei mal, razão pela qual esqueci até o sabor. E isso de apagamento de memória pode ser sério! Um amigo vai casar, meu marido e eu seremos padrinhos, papel que também desempenhamos no primeiro casamento dele. Outro dia, o tal noivo comentou não lembrar nada sobre a cerimônia do primeiro casamento, sofreu um apagão total. O amargo foi esquecido, então, querido amigo, desejo a você um segundo casamento doce e merecedor de permanecer em sua memória para todo o sempre.
E ficam as dicas: sempre lavem a goiaba antes de comer, acreditem casamento pode ser doce e inesquecível!
E vida longa ao churros do Tio Vovô! E não é à toa que tem este nome, porque os vovôs e as vovós sempre são pura doçura!


Joselma Noal

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